As Revoluções de Lampedusa
O brasileiro não se enxerga como parte do poder constituinte, não se vê como fiador das autoridades, dos políticos e dos representantes. Não se enxerga como parte da "cidade". Ele é, pois, um não-político, um anti-burgo, alienado de sua principal característica da modernidade liberal: ele é um súdito e não um cidadão. Seria o Brasil um expert em Revoluções de Lampedusa? No romance Il Gattopardo , o autor italiano Giuseppe di Lampedusa teceu importantes considerações sobre a mentalidade conservadora diante de uma crise revolucionária, cenário de sua obra. A elite encastelada, formadora de uma oligarquia que dominava a Sicília em uma Itália em unificação, é apresentada fazendo todo jogo político necessário para se manter no poder, evitando que o caos que tomava as ruas mudasse alguma coisa significativa para eles. Na passagem emblemática que se tornou clássica do seu pequeno livro, o autor escreve: