E se Dilma não tivesse participado da farsa de um julgamento corrompido? Por Paulo Nogueira
Postado em 10 Aug 2016
Que você deve fazer diante de uma farsa? Diante de um julgamento em que será inapelavelmente condenado, não importa se culpado ou inocente?
Há duas alternativas. Uma é legitimar a farsa. Participar dela. Constituir um advogado que defenderá você como se houvesse qualquer chance de salvá-lo. Apresentar a defesa diante de seus carrascos, como se o julgamento não fosse de mentirinha. E saber que o veredito será culpado.
A alternativa é denunciar o embuste. Aproveitar os microfones e dizer o que está acontecendo. Tirar toda chance de legimitização da trapaça disfarçada de julgamento.
Enfrentar os falsos juízes, em suma. Sem metáforas, sem meias palavras, sem hesitação. Com a verdade, com a sinceridade, com a coragem cívica de quem se bate por uma causa da naciolidade, muito mais que por um interesse pessoal e localizado.
Combater o bom combate. E tombar de pé, se perder.
Dilma optou pela primeira saída. Legitimou o circo. Fez parte dele.
O que teria acontecido se ela tomasse o outro caminho?
Me ocorre, como resposta, Sócrates diante de seus discípulos ao tomar a cicuta que o forçaram a tomar. Suas palavras foram registradas por um deles, o maior aliás, Platão, no livro Fédon.
Sócrates os consolava diante da morte iminente. E disse mais ou menos o seguinte: “Aqui nos despedimos. Qual destino é o melhor, o de vocês ou o meu, jamais saberemos.”
O mesmo se aplica à atitude de Dilma. Se teria sido melhor participar da encenação da plutocracia corrupta ou repudiá-la energicamente, jamais saberemos.
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