Na casa de Eduardo Cunha, PF encontrou passaportes italianos para ele e sua filha

Cunha obteve passaporte italiano graças à descendência de sua mãe, Elza  | Foto: Cadu Gomes
Do Fato Online - no GGn
Integrantes da Procuradoria-Geral da República classificam como suspeito o fato de Cunha ter esses documentos. Embaixada da Itália recebeu, em novembro, alertas contra o presidente da Câmara
Durante a Operação Catilinárias, realizada no dia 15 de dezembro, a Polícia Federal apreendeu cópias de passaportes italianos em nome do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB/RJ), e de sua filha Danielle Dytz da Cunha.
Os documentos levantaram suspeitas junto aos investigadores da PGR (Procuradoria-Geral da República). Integrantes da procuradoria começaram a investigar se Cunha tinha intenção de deixar o país em virtude das investigações da Lava-Jato. A apreensão de cópias dos passaportes italianos de Cunha e de sua filha ocorreu na residência da família Cunha, em um condomínio de luxo no Rio de Janeiro.

A obtenção de cópias de passaportes italianos da família Cunha ratifica alertas recebidos no final de novembro pela Embaixada da Itália no Brasil. Na ocasião, segundo informações obtidas pelo Fato Online, a embaixada recebeu denúncias de que “pessoas ligadas ao presidente da Câmara” sondaram aluguel de imóveis por temporada na Itália. A embaixada, no entanto, não soube informar quem foram essas pessoas. Cunha nega que tenha procurado imóveis na Itália.
Além disso, a Embaixada Italiana também recebeu a informação de que Cunha tinha dupla cidadania em decorrência da descendência italiana de sua mãe, Elza Consentino da Cunha. Em uma das contas da Suíça, a Triumph-SP, Cunha utilizou o nome de sua mãe como contrassenha do serviço helpdesk. A Triumph-SP é uma das quatro contas na Suíça atribuídas ao parlamentar fluminense pela Procuradoria-Geral da República.
As informações repassadas à embaixada, conforme apurou o Fato Online, foram encaminhadas à polícia Italiana. Após a fuga envolvendo o ex-gerente de marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato, as autoridades italianas redobraram a atenção com relação a brasileiros com dupla cidadania, como é o caso do presidente da Câmara, pelas informações obtidas pelo Fato Online.
Julius Bäer
Além das cópias dos passaportes italianos, os investigadores também encontraram na residência do parlamentar carioca vários documentos relacionados ao banco Julius Bäer, que, segundo a PGR, comprovariam o fato de que Cunha era titular e movimentava pessoalmente quatro contas na Suíça.
Outros documentos encontrados pelos investigadores durante a Operação Catilinárias na casa de Cunha foram recibos no valor de R$ 720 mil, relacionados à empresa Cingular Fomento Mercantil Ltda, de propriedade do Lúcio Funaro, ligado a Cunha. Os investigadores acreditam que os recibos podem comprovar que Cunha recebeu propina de Funaro. O empresário, pelas investigações, também pagou dois veículos da C3 Produções Artísticas e Jornalísticas, empresa de Cunha: um Hyundai Tucson e um Land Rover Freelander.
Esses pagamentos seriam fruto de uma pressão feita por aliados de Cunha contra a Schahin Engenharia para favorecer as empresas de Lúcio Funaro, tido como amigo de Cunha, em uma disputa entre a Cebel – Belém Centrais Hidrelétrica –, representada por Lucio Funaro, e a Schahin Engenharia, em processos judiciais relacionados à Central Hidrelétrica Apertadinho, em Rondônia.
Procurado pelo Fato Online, Eduardo Cunha afirmou, por meio de sua assessoria de imprensa, que nunca procurou imóveis na Itália e que são públicas as informações de que ele tinha passaportes italianos. 

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