GGN: Sob Serra e Goldman, PM montou "banco" para emprestar R$ 10 milhões em fraudes

"É ilegal, mas não é imoral. Tudo foi feito somente para o bem", disse tenente-coronel suspeito de operar o esquema que pode ter desviado R$ 10 milhões
Jornal GGN - Sob a gestão dos tucanos José Serra e Alberto Goldman no Estado de São Paulo, o Comando-Geral da Polícia Militar fraudou licitações que envolvem ao menos R$ 10 milhões em serviços não prestados. O tenente-coronel suspeito de ser o operador do esquema disse à Folha desta quinta-feira (18) que seus "superiores" sabiam do caso e que tudo foi feito "para o bem" da PM. Na visão dele, um "banco" foi criado a partir de recursos das licitações ilegais, e o dinheiro não foi desviado para proveito de poucos, mas sim para equipar diferentes setores da Polícia.

Segundo a Folha, o descumprimento à Lei 8.666/93 com vistas a montar o caixa dois da PM ocorreu entre 2009 e 2010, foi investigado por uma sindicância interna, que informou os resultados à Secretaria de Segurança Pública do Estado e encaminhou tudo à Promotoria e ao Tribunal de Contas do Estado.
José Afonso Adriano Filho, que atuava no Comando da PM há 15 anos, é apontado pelo jornal como o oficial sobre quem recai toda a culpa pelo esquema de corrupção instalado no comando da PM. Ele contou o que sabia à sindicância e ao jornal. "Assumo tudo o que fiz. Tudo foi feito somente para o bem e jamais para o mal", comentou o tenente, que há três anos corre o risco de cassação de patente, de acordo com a Secretaria de Segurança Pública. Foi em 2012 que a investigação começou, a partir de uma denúncia anônima.
"Pelo relatório, assinado pelo coronel Levi Anastácio Félix, atual corregedor-geral da PM, a auditoria detectou irregularidades em todas as 458 licitações analisadas", publicou o periódico.
Houve compras de quase 10 toneladas de açúcar em três meses, 23,3 mil pacotes de biscoito em cinco meses e R$ 72,5 mil em gastos com clipes para papel. A empresa a Rogep Comércio de Auto Peças e Serviços recebeu R$ 1,7 milhão para fornecer peças para a manutenção da frota do comando, mas não prestou o serviço, "com a justificativa de que já tinha fornecido extraoficialmente antes." 
Adriano Filho disse que, com o esquema, conseguia criar um caixa "com dinheiro em espécie para abastecer outros setores da PM e pagar despesas "corriqueiras" – estimadas em R$ 1 milhão em dois anos. (...) O dinheiro era repassado ao Comando-Geral por ao menos duas empresas, a Sistécnica e a Rafink, que, depois, eram ressarcidas por meio de licitações direcionadas a elas."
"Não fiz nada sem ordem. Todas as melhorias executadas, não só no Quartel do Comando-Geral como em outras unidades, tinham ciência e autorização dos superiores. De todos os superiores", afirmou ele, sem citar nomes. "É ilegal, mas não é imoral. Tudo o que foi feito no período foi unicamente com vistas à adequação de todo o complexo do QCG [Quartel do Comando-Geral]. Tudo foi feito somente para o bem [da PM] e jamais para o mal."
A Secretaria de Segurança Pública disse que "determinou a instauração de Conselho de Justificação, com a finalidade de analisar a viabilidade de cassação do posto e da patente do tenente-coronel."
O coronel Álvaro Batista Camilo, que comandou a PM nos anos em que o esquema investigado ocorreu, hoje é deputado estadual pelo PSD. Ele negou ter conhecimento das fraudes. 

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