Em vez da Alca, a China
29.03.2015 - Pravda
SÃO PAULO - Os historiadores do futuro, quando se debruçarem para estudar as razões da estagnação econômica do Brasil e da maioria das nações latino-americanas neste começo de século XXI, certamente, vão concluir que foram decisões políticas equivocadas que contribuíram decisivamente para esse quadro. Provavelmente, vão perceber que foram razões ideológicas do tempo da Guerra Fria (1945-1991), que já não se justificariam àquela época, que levaram os governos do Brasil e da Argentina a trabalhar com afinco nos bastidores para o malogro das negociações que previam à criação da Área de Livre-Comércio das Américas (Alca), que reuniria 34 países, com exceção de Cuba, em função de embargo econômico imposto pelos Estados Unidos. Milton Lourenço (*)
Para o governo brasileiro à época, não seria do interesse do Brasil participar de áreas de livre-comércio com economias mais desenvolvidas, que apresentam vantagens estruturais em relação a países em desenvolvimento. Segundo esse pensamento, com a Alca, as empresas brasileiras se veriam expostas à livre concorrência com corporações norte-americanas maiores e mais poderosas. Além disso, os países-membros da Alca teriam de abrir mão de muitos instrumentos de política governamental, o que significaria deixar de lado seus projetos nacionais de desenvolvimento. Outra ideia consagrada à época pelos formuladores da política externa brasileira é que acordos com países desenvolvidos criariam dependência, mas não crescimento e empregos.
Ou seja: em 2013, os Estados Unidos figuraram em segundo lugar entre os parceiros comerciais da China, com trocas de US$ 521 bilhões, 7,5% a mais do que em 2012. Mais: hoje, os norte-americanos importam mais da China do que a União Europeia, a ponto de o superávit comercial do país asiático com os Estados Unidos superar a marca de US$ 215 bilhões, segundo estatísticas chinesas. Sem contar que os dois países negociam no âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC) um acordo para eliminar direitos sobre produtos de tecnologia de informação.
Comentários