Cid Gomes vai pedir exoneração. Será uma homenagem da virtude ao vício

Autor: Fernando Brito
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Se é, como parece ser, um homem de bem e corajoso, o Ministro da Educação, Cid Gomes, deixará nas próximas horas o Governo.
Muito embora a declaração que deu de que existem no congresso 300 ou 400 achacadores, mesmo que peque -talvez – um pouco na quantidade, descreva mesmo o comportamento de boa parte dos parlamentares, é algo que a hipocrisia da política real não pode suportar, sob pena de inviabilizar-se toda a convivência com o Legislativo.

Cid sabe disso e tem toda a razão em ter sustentado o que disse hoje, sobretudo depois de Eduardo Cunha ter mandado uma equipe de “deputados de polícia” irem ao hospital onde estava internado para ver “se estava mesmo” com problemas respiratórios.
É o retrato mais fiel do tipo de prática que Cid quis descrever: um parlamento que deixou de lado até as mais comezinhas regras de convívio e tornou-se uma matilha.
Mas é o que temos, é eleito, embora gangsterizado à sombra do exemplo que vem do presidente da Casa, Eduardo Cunha.
Por mais que se considere as razões de sua afirmação, inclusive a feita hoje sobre “largar o osso e sair do Governo”, quando ocupamos um cargo de confiança indicados por alguém, temos de nos colocar freios e não criar situações de conflito – muito menos as incontornáveis – para aquele que confiou em nós.
É da vida e qualquer um de nós está sujeito a uma incontinência verbal como a dele, um desabafo contra as más práticas que assolam nosso Poder Legislativo.
Mas é certo que Cid e Ciro Gomes sabem que foi uma bola quicando para Cunha liderar o movimento dos “puros” deputados que fazem exatamente aquilo que foi dito deles.
A dignidade de Cid se expressará muito mais se ele sair do Congresso deixando seu cargo, que será sacrificado sem que sua honra pessoal se arranhe.
A honra, inclusive, de saber que um projeto político é maior do que cada um de nós.
Não tão grande que nos faça abaixar a cabeça, mas muito maior do aquilo que possa nos fazer não arredar pé.

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