Esquerda pode voltar ao poder inglês

Autor: Miguel do Rosário
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Reproduzo abaixo uma instigante e bem informada análise de Nicolas Chernavsky sobre as próximas eleições no Reino Unido.
Se o favoritismo do candidato progressista se confirmar nas urnas britânicas, seria a oportunidade de vermos uma de nossas principais bandeiras internacionais mais perto da realidade: a reforma e ampliação do conselho de segurança da ONU.
Ed Miliband: mais progressismo na influência britânica no mundo
Por Nicolas Chernavsky, do sítio culturapolitica.info,
Candidato trabalhista a primeiro-ministro, judeu e de família polonesa, Miliband reformou seu partido e nas eleições de maio próximo é a esperança de que o Reino Unido use sua influência mundial para ajudar a reformar o Conselho de Segurança da ONU

08/08/2014 – A política do Reino Unido está muito próxima de dar um enorme salto progressista. É verdade que pouco se fala disso na imprensa mundial, mas o líder do Partido Trabalhista, Ed Miliband, é o favorito para se tornar o próximo primeiro-ministro do país, nas eleições parlamentares marcadas para daqui a aproximadamente nove meses, em maio de 2015. O grande impulso progressista de Miliband, em relação ao último período em que os trabalhistas estiveram no poder, entre 1997 e 2010, vem do fato dele justamente ter vencido a ala mais conservadora do partido quando assumiu o posto de líder do Partido Trabalhista em 2010.
Assim, quatro anos atrás, especialmente com o apoio em massa dos sindicatos, Ed Miliband venceu por 50,65% a 49,35% seu próprio irmão, David Miliband, no colégio eleitoral do Partido Trabalhista. Durante o período como líder do partido, Ed Miliband impulsionou importantes reformas internas que mudaram a forma de financiamento do partido e as estruturas decisórias, aumentando seu grau de democracia e sua representatividade popular. Isso estabeleceu a infraestrutura política necessária para que ele pudesse se apresentar ao povo britânico como um claro avanço em relação aos governos trabalhistas de Tony Blair (1997-2007) e Gordon Brown (2007-2010).
As eleições de maio do ano que vem no Reino Unido serão disputadas por voto distrital sem segundo turno. Assim, quem tiver o maior número de votos no distrito, vence, mesmo que tenha 25% dos votos, por exemplo. Isso faz com que não seja viável haver mais do que três ou quatro partidos com expressivo número de votos e de assentos no parlamento do país. Nessa eleição de maio, a tendência é uma forte polarização entre o Partido Trabalhista e o Partido Conservador, do atual primeiro-ministro David Cameron. O Partido Liberal Democrata provavelmente terá uma votação muito baixa em termos históricos, e o UKIP (Partido da Independência do Reino Unido), apesar de ainda haver bastante incerteza em relação a seu potencial de votos, deve perder parte considerável de seus potenciais eleitores especialmente para o Partido Conservador.
A eventual chegada de Ed Miliband ao cargo de primeiro-ministro do Reino Unido traria uma série de mudanças na postura do país. Miliband, judeu de família polonesa, tenderia a modificar fortemente a atuação britânica atual em relação à União Europeia (UE), provavelmente, se a situação na UE permanecer estável, não apoiando a realização do referendo prometido por Cameron sobre a saída do país da UE. Um governo Miliband também tenderia a usar a influência mundial do Reino Unido para que a ONU se envolvesse de forma mais ativa e eficiente na implementação da solução de dois Estados em relação a Israel e à Palestina. Além disso, o Reino Unido, como membro permanente do Conselho de Segurança da ONU, com Miliband teria muito mais condições de participar ativamente da reforma do Conselho de Segurança, com a modificação de sua composição no sentido de torná-lo mais representativo da população mundial e mais coerente com o atual panorama político global.

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