Neymar dribla o “mi-mi-mi” e sugere que imprensa “procure psicólogo” também

Autor: Fernando Brito
neymar
Fiquei bem mais tranquilo com o jogo de sexta entre Brasil e Colômbia.
Pedreira, como têm sido pedreira todos os jogos, exceto, talvez, o da própria Colômbia frente ao Uruguai.
No resto das partidas todo mundo sofreu,  se descabelou e até chorou, também.
Aliás, empatamos com os argentinos até em bola na trave no finalzinho.
E, francamente, o que tinha de dúvidas sobre a seleção brasileira ter um líder se desfez hoje.

O garoto que era, na bola, este líder, mostrou que pode ser também nas palavras.
A entrevista de Neymar, em nome do time, foi um espetáculo.
Primeiro, pelo mais importante:
- Estou recuperado, não sinto dor.
E a dor tirou 80% dele durante aquela partida. 80% de Neymar não é pouca coisa, não.
Depois, o guri rebarbou o “mi-mi-mi” sobre a “crise  psicológica” da seleção.
- Não temos de ficar pensando em pressão. Estamos jogando no quintal de casa, a torcida é nossa e temos de estar felizes dentro de campo.
Recusou o vedetismo:
- Na minha primeira entrevista coletiva na Copa, eu falei que não queria ser artilheiro da competição, craque, nada disso, só quero o título.
Defendeu o companheiro mais questionado:
-”Fred é jogador que necessita de bola, é o nosso centroavante, o goleador, temos nos cobrado muito para que a gente possa deixá-lo mais na cara de gol. Espero que nesse jogo possa deixá-lo 50 vezes na cara do gol porque sei que ele vai marcar 51 gols”.
E a equipe inteira:
-Ninguém está com problema emocional, foi um jogo emocionante e todos ficaram emocionados.
O garoto que não tremeu no pênalti decisivo, que marcou quatro de nossos seis gols e que recebe a carga de 200 milhões de esperanças se portou melhor que muito “sabichão” que espalha regras e desculpas.
Pelé chorou em 1958, ao vencer, chorou em 62 ao se machucar e não poder jogar e foi chorando abraçar Amarildo, que jogou em seu lugar, Amarildo que também se debulhou em lágrimas ao vencer o campeonato.
Que diabos tem de errado em chorar numa decisão?
E o jogo foi uma decisão, todos serão. Daquelas dramáticas.
Chorar só seria um problema se fosse no meio do jogo, quando o desequilíbrio emocional atrapalha o conjunto. Neste quesito, estamos empatados: tivemos uma superação no gol contra de Marcelo logo na estréia e um “apagão” temporário na pixotada de Hulck que deu o gol aos chilenos.
É do jogo.
Tem muita onda com esta história de psicóloga da seleção, até porque este tipo acompanhamento  não tem nada de original, é usado pelas equipes do mundo inteiro, há muito tempo.
O time tem problemas em muitas áreas, inclusive nesta. E pode conviver com eles.
Mas não existe problema psicológico mais evidente do que o daqueles que “entregam a rapadura”.
Os mais novos talvez não saibam, mas nosso glorioso time de 1970 estava levando um banho de bola da Inglaterra em 1970, embora o goleiro inglês, Gordon Banks, tivesse feito uma espetacular defesa numa cabeçada fortíssima de Pelé.
Milagre lá, milagre cá, porque Félix, nosso goleiro, também fez o impossível, abafando um “peixinho” doo inglês Lee, da risca da pequena área. Ao defender definitivamente, a perna de Lee o atingiu.
O lance que se seguiu definiu o jogo. O capitão Carlos Alberto Torres deixou a bola e “catou” o inglesinho, que sumiu do jogo.
Acabou o papo de que “não tínhamos defesa”.
Coloquei os lances no vídeo abaixo.
Podia ter sido um desastre, uma expulsão que talvez arruinasse o jogo para nós.
Hoje o “capita” seria execrado pelos nossos politicamente corretos cronistas esportivos (inclusive por ele mesmo, que agora está neste papel, embora menos “light”) como um “desequilibrado” emocionalmente.
Pois o que eu acho é que o Neymar hoje “catou” a imprensa brasileira, de uma maneira muito mais elegante, quando terminou a entrevista dizendo que não tinha ninguém jogando deprimido, que acha bom o trabalho da psicóloga e sugerindo que os jornalistas também procurassem uma terapia…
Porque numa Copa como esta, onde ninguém ganha ou perde senão no último minuto do jogo, a gente só sabe uma coisa que vai dar.
Var “dar nervoso” em todo mundo.
O Neymar, hoje, foi mais gaúcho que o Felipão.

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