Com Berzoini, Dilma segue para fechar reforma ministerial fortalecida

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Dilma tem até dia 8 de abril para concluir a reforma ministerial
Para colunista da Rádio Brasil Atual, a presidenta teve oportunidade de tomar decisões mais cômodas, mas assumiu riscos do confronto e se fortaleceu, inclusive sobre o 'sabotador' Eduardo Cunha
por Redação RBA
São Paulo – O cientista político Paulo Vannuchi considerou positiva a indicação de Ricardo Berzoini para o Ministério de Relações Institucionais, substituindo Ideli Salvatti, segundo afirmou em seu comentário de ontem (28) na Rádio Brasil Atual. Ele elogiou o que considera uma reta final de reforma ministerial. Para ele, Dilma sinalizou que manterá perfil de centralizadora. “Eu chamo atenção porque ela não cedeu ao PMDB, como que diz: ‘Ó, quer fazer chantagem, faça, mas a caneta está comigo. Tenho recursos para governar e aprovação popular’”. Assim, avalia Vannuchi, a presidenta obteve vitória espetacular sobre Eduardo Cunha, “o líder do PMDB que trabalha dentro do governo como uma espécie de sabotador”.
A expectativa do analista é que Cunha mude de postura. “Ele pode aproveitar a chegada de Berzoini para dizer: ‘Meu problema era com a Ideli, agora eu vou me acalmar’, porque, na verdade, ele perdeu essa disputa.”

A mesma atitude Dilma teve em relação a Guido Mantega, lembrou ele. “O mercado já demitiu Guido Mantega muitas vezes. Do ponto de vista de oportunismo político seria positivo para Dilma tirá-lo e dizer: ‘Olha, existe descontentamento? Tudo bem, eu entrego para vocês’. Teria aí o respiro que precisa para ser reeleita. Não fez isso. Como firmeza de caráter, deu como recado que não há responsabilidade do Guido Mantega que não seja também dela.”

O Ministério das Relações Institucionais é uma criação de Lula originada em torno do chamado “Conselhão”, o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), experiência de reunir integrantes dos mais diversos setores da sociedade num órgão consultivo para dar sugestões nas políticas a serem implementadas pelo Planalto. Com o tempo, o Conselhão foi esvaziado. Restou ao titular do ministério papel de articulação política, tarefa difícil, porque foi dividida com líderes do governo dentro do Parlamento e com outros ministérios que fazem interlocução pelo Planalto.

“Fica uma zona de fronteira que desgastou Ideli”, avalia Vannuchi, destacando que ela tinha sido a primeira mulher eleita senadora por Santa Catarina. “Ela é física de formação, professora, fundadora da CUT, líder do movimento de professores, comunidades de base, pastoral operária e também teve dois mandatos como deputada estadual”, elogiou.

Ricardo Berzoini, por sua vez, é um parlamentar que se fortalece nos últimos anos. Está em seu quarto mandato, foi presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, é engenheiro de formação. Foi ministro da Previdência e do Trabalho, presidente nacional do PT, coordenador da campanha de Lula para a reeleição em 2006, e é o principal herdeiro político de Luiz Gushiken. O analista considera que o deputado teria reeleição tranquila em outubro e que, portanto, deixa claro que entra no governo acreditando na vitória de Dilma.

“Isso cria para os bancários uma dúvida e, possivelmente, a indicação do atual deputado estadual Luiz Claudio Marcolino para deputado federal, abrindo-se uma discussão sobre a possível candidatura estadual. E Dilma tem até 8 de abril para concluir a sua reforma ministerial e se dedicar a partir daí às convenções partidárias em junho, à Copa do Mundo e ao período mais concentrado de campanha entre agosto e o dia da eleição. Ela segue no seu franco favoritismo.”

Ouça o comentário na Rádio Brasil Atual:

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